Atualmente tem se falado e incentivado muito a prática da gratidão, no entanto para a grande maioria essa prática ainda é vista como um ritual religioso, místico e de agrado dos otimistas de plantão.
Não podemos negar que a gratidão faz parte dessas correntes, porém não só. Há uma ciência por trás dessa prática que comprova o quão benéfico ela pode se tornar para saúde, bem estar e qualidade de vida do praticante, quando ele é assíduo em manter-se grato.
Segundo estudos da neurociência, quando geramos o sentimento de gratidão em nossos pensamentos ativamos o sistema de recompensa do cérebro, situado numa área chamada Núcleo Accubens, que é o responsável pela sensação de bem estar e prazer em nosso corpo.
É a mesma área ativada quando ganhamos um presente, comemos um delicioso bolo de chocolate, somos elogiados, cumprimos com nossas tarefas.
Quando agradecemos significa que reconhecemos algo de bom que nos tenha acontecido ou do qual nos sentimos felizes de vivenciar e possuir. E por mais simples que seja este motivo de gratidão, ele já é capaz de promover em nosso cérebro a liberação de uma substância conhecida como dopamina, que é um importante neurotransmissor capaz de aumentar a sensação de prazer.
É por este motivo que as pessoas que possuem o hábito de agradecer, com frequência, se tornam mais felizes e satisfeitas com a própria vida. Outro motivo diz respeito ao foco para onde está sendo direcionada sua atenção. Quando reclamamos, o oposto da gratidão, nosso foco é direcionado ao que nos falta, ao que está errado, aos problemas; quando agradecemos, por sua vez, nosso foco se volta ao que possuímos, ao que está gerando bons frutos, à solução.
Faça o seguinte exercício: tente fazer uma expressão de raiva e ao mesmo tempo sorrir. Você verá que ambas as sensações não conseguem se unir na mesma expressão. Isso porque são sensações opostas entre si. O mesmo ocorre com a gratidão e a reclamação. Ambas não andam juntas nas mesmas ações, nem estimulam áreas cerebrais semelhantes.
Aliás, não tem como manter o foco em dois alvos opostos ao mesmo tempo, certo? Pois é exatamente isso que ocorre com a gratidão e a reclamação. Ou você foca na escassez ou você foca na abundância. E nem é preciso dizer que onde estiver seu foco, seu estado emocional o seguirá, mantendo-se coerente a ele.
Você pode estar pensando, mas se eu só agradecer me tornarei um tolo que ignora os problemas e se acomoda com situações controversas. Mas a realidade não é essa. Ser grato, não te faz um tolo, nem te faz por uma venda em seus olhos para não ver as situações adversas. Pelo contrário. Praticar a gratidão é reconhecer o que você tem, o que você faz e todo o aprendizado que ocorre com tudo que lhe acontece.
Isso não te impede de reclamar, mas você aprenderá que quando a reclamação tem a função de desabafo e o objetivo de te fazer compreender melhor a situação, ela é válida. Mas que ficar resmungando e se sentindo uma pobre vítima de nada te acrescenta. O construtivo é olhar para o problema, estudá-lo e partir para a solução, levando com você a capacidade de ser grato pelos mínimos detalhes.
Para isso basta treinar seu cérebro a mudar o foco, exercitando diariamente a gratidão. Escolha uma hora do seu dia e o reserve para este exercício, escreva seus motivos de gratidão diária, lembrando-se de pequenos detalhes que lhe aconteceram e sinta-se grato. Você perceberá que seus olhos passarão a reconhecer motivos que antes seriam ignorados, você sorrirá mais e se sentirá mais feliz, e nem é preciso dizer quais as consequências disso pra sua vida.
Jamille Secchi – Psicologia e Coach Fitness – CRP/SC: 12/04393